a internet é uma arena e nós somos os gladiadores
#11 • não, não vou falar de koo. guarda teu koo em casa. vamos falar de elon musk, mastodon e internet em disputa.
Eu realmente queria escrever algo suave: meu último texto, ainda em outubro, foi denso como gelatina. Ficou sombrio e me rendeu abraço e mensagem no privado. Nenhum like: acho que as pessoas ficam desconfortáveis dando like em mensagem meio triste. Tipo quando você posta que sua mãe morreu no Facebook e daí as pessoas não sabem o quê fazer: é okay curtir aquela postagem? Curtir que sua mãe morreu? Meio estranho: não é a toa que Facebook foi e mudou para o sistema de emojis e agora só precisamos escolher entre carinha-chorosa, carinha-triste ou um dos seis tipos de corações para demonstrar solidariedade pela defunta.
Então eu realmente queria trazer algo leve, bem vibe praia de Itacaré em janeiro. Água quentinha, areia boa. Talvez um ranking pessoal dos meus filmes de terror com temática de canibalismo. Ou, quem sabe, uma reflexão aprofundada sobre a franquia Invocação do Mal e como ela é um embuste porque nada, nada depois do primeiro filme fez merecer nossas horas gastas nessa propaganda religiosa mal disfarçada de filminho furreco. E estou falando com você, Annabelle!
Mas aí.
O Twitter aconteceu. Elon Musk veio e destruiu todas as minhas ideias. Típico de bilionário. Então, eu vou dar meus dois centavos sobre a situação Twitter, Mastodon e Elon Musk. Caso não aguente mais, deixe um comentário dizendo "Luna, pelo amor de deus" e meu próximo texto será um ensaio sobre o sub-gênero de terror “americanos indo em países estrangeiros e então morrendo em escavações arqueológicas”. E isso é uma ameaça.
Primeiramente: Elon Musk é um escroto.
Isso é afirmação que faço já para definir o editorial desta newsletter caso ainda tenha dúvidas. Não trabalho com outra perspectiva. Elon Musk é um homem escroto, imbecil, energúmeno, estúpido com um histórico sombrio de carros que não funcionam e opiniões políticas que parecem ter sido tiradas diretamente do cu de Donald Trump. Então, é natural supor que o Twitter ia piorar exponencialmente quando ele adquiriu o site por 44 bilhões de dólares. Era tragédia anunciada. Tá, mas e daí?
E daí que o ponto é que mesmo que Elon Musk fosse um cara parsa e competente, ele ainda não deveria poder adquirir o Twitter por 44 bilhões de dólares. Ou por cem bilhões. Ou por uma figurinha dourada do álbum da Copa de 1994. O negócio é que nenhum bilionário deveria ter em suas mãos o controle total e a posse de um site como o Twitter. Ou como o Facebook. Ou o YouTube — ou mesmo o Google como um todo. Nenhum bilionário deveria ter o domínio absoluto de nenhum lugar da internet de forma tão irrestrita. Isso é uma aberração em qualquer universo existente — menos o do livre mercado, mas foda-se o livre mercado e foda-se o Mercado também, essa entidade mística ordinária que fica o dia inteiro querendo pautar política para gente rica que só quer ficar mais rica.
O problema central é extraordinariamente simples: esses sites não são o blog furreca que eu tinha aos doze anos de idade para falar da minha coleguinha da escola. Esses sites são colossos, gigantes que pavimentam a internet como nós a conhecemos e movimentam milhões de dólares, talvez até bilhões. Tem CNPJ envolvido, tem MEI envolvido, tem gente que contrata outras pessoas para trabalhar em redes sociais, tem empresas inteiras dedicadas exclusivamente às redes sociais, tem países cujos governos utilizam esses sites como veículos de informação para darem seus pareceres oficiais e transmitirem suas propagandas. Quando Rússia estava bombardeando Ucrânia, a Ucrânia estava brigando de volta com a Rússia através do Twitter, mandando tweet desaforado e clamando a atenção popular para a sua situação. Quando Lula venceu as eleições agora dia 30, toda a galera estrangeira ligou para dar os parabéns? Sim, mas também twittou parabenizando o chapa e declarando apoio imediato para salvar as árvores da floresta amazônica. Quando Bolsonaro venceu as eleições, qual foi a atitude dele? Dar entrevistas à Globo? Não, não foi, foi decidir que ia fazer live toda quinta-feira no Facebook. Quando a extrema-direita decidiu que queria crescer, eles foram na rua distribuir panfletinho e chaveirinho com cara de Hitler? Não, eles foram para o YouTube, financiaram uma cacetada de canais de variedades, incluindo no mundinho gamer, e foram lá aliciar o incel amargurado. Onde é que Olavo de Carvalho postou vários dos seus textos que viralizaram? Por que é que demorou tanto para Donald Trump perder sua conta do Twitter e, agora, teve ela de volta graças aos esforços da escória que é Elon Musk?
Internet é espaço de disputa, tal qual as ruas. Não é menos ou mais forte, não é melhor ou pior, o ponto não é esse. Não vou ficar entrando nos preciosismos de uma parte específica da esquerda que se recusa a admitir que tem que saber jogar as regras do mundo online sim. Mas é fato que a internet é espaço que deve ser disputado até o último pixel. E não estou falando de ficar fazendo blog que só vinte pessoas lêem por mês, estou falando das redes sociais, das plataformas de mídias, dos aplicativos que viralizam vídeo de um minuto em questão de minutos. Estou falando do Instagram, do TikTok, do Kwai, do Twitter, do Facebook, do YouTube e de como eles não são apenas sites normais, mas plataformas das quais pessoas jurídicas e físicas extraem seus sustentos de formas variadas. Estou falando de movimentos políticos bem estruturados, mas também estou falando de pessoas físicas que não tem um tostão para fazer um outdoor em suas cidades ou pagar comercial na TV Globo, mas usam as redes sociais para promoverem seus livros, seus cursos de inglês ou de culinária, seus doces, suas maquiagens, suas roupas e literalmente qualquer coisa que você imaginar.
E tudo isso nessas plataformas que pertencem ao Elon Musk. Ao Mark Zuckerberg. Ao Larry Page. Ao Sergey Brin. A um punhado de homens que sequer sabemos os nomes. Mas eles têm as nossas vidas em nossas mãos — e a de um monte de gente. Eles têm o poder de deletarem nossos perfis inteiros em um dia, desfazerem o trabalho de anos em um canal do YouTube, eliminar perfis oficiais de líderes políticos e países em um segundo. E eu quero que a gente pare para se perguntar: isso deveria estar acontecendo?
Elon Musk deveria realmente ter este poder todo sobre o Twitter só porque ele tem 44 bilhões de dólares?
Se ele comprasse uma emissora de TV, ele teria a mesma quantidade de poder sem nenhum freio legal? Eu tenho minhas dúvidas: a despeito do quão poderosas sejam, de fato, as emissoras de TV como a TV Globo ou a Record, elas ainda são concessões públicas. Há debate sobre elas, e há toda uma discussão, de décadas, sobre como elas influenciam o nosso comportamento e as nossas opiniões, e sobre como elas têm responsabilidade pelo que veiculam ou deixam de veicular. Há debates e há leis, e não é absurdo sugerir a ideia de que elas são obrigadas a se retratarem pelos erros dos seus jornalistas em seus programas ou qualquer coisa do gênero.
Então seria absurdo sugerir que, talvez, plataformas a esse nível deveriam ter algum tipo de regulação? Eu não acho que estou louca: acredito que a menos que você defenda o livre mercado — e daí toda e qualquer aberração entra em jogo —, então você pode sentar comigo e pensar: putz, alguém precisa dar um freio em Elon Musk. E em Mark Zuckeberg ou nos caras da Google ou nos da Yahoo ou— enfim. Você entendeu. E nós sabemos que as redes sociais são capazes de aderir à regras estatais: países europeus e a Google tem uma história já de alguns anos de conflito em relação à leis de privacidade e, bem, a China e a Google é outra treta descomunal. Logo, não é uma história nova: governos sabem do poder que plataformas online têm, especialmente quando são redes sociais, e sabem que não têm como elas funcionarem sem controle algum.
O resumo da ópera até então:
Elon Musk não deveria comprar o Twitter e ter poder absoluto porque (1) bilionários não deveriam existir, para começo de conversa, e; (2) nenhuma plataforma como Twitter ou YouTube deveria pertencer inteiramente à empresas privadas, sem qualquer regulação de outras entidades, no que tange à sua durabilidade e proteção dos seus dados. E isso é coisa séria. Você pode ler e rir de mim por achar que é uma pauta ridícula, mas eu, particularmente, acho uma coisa digna de distopia cyberpunk de quinta categoria que todo mundo fique em pânico com a possibilidade do Twitter cair porque um Tio Patinhas incel resolveu demitir mais de 70% do seu quadro de funcionários e ameaçar a estabilidade de uma rede social inteira em questão de dias. Isso não deveria estar acontecendo em um mundo sério. Ou em um mundo que as pessoas compreendam que dados são informação e informação é poder, e que pessoas têm direito a conexão humana através da internet assim como têm direito à comida e moradia digna e, portanto, não deveriam ser ameaçadas de forma tão louquíssima e aleatória como estão sendo.
Oh, mas nem todo mundo usa Twitter!
Tá, eu sei. O Twitter nem sequer é a rede social mais usada: nos EUA, o Facebook está na frente e, sim, nós temos problemas graves o bastante para que consigamos nos ocupar pensando na inclusão digital. Meu ponto é mais profundo: estou falando de plataformas digitais e de como as empresas administram os nossos dados da pior forma possível, conforme os caprichos de um cara qualquer vestindo camisa pólo. E a Google pode deletar sua conta quando ela decidir que não está dentro do código de conduta dela e, sim, isso inclui seu Google Drive, seus e-mails e suas fotos que você pensa que ninguém está vendo. Qual era mesmo meu ponto?
Eu não sei bem, na verdade. Eu estou sugerindo a criação de um Ministério da Internet onde haja pessoas capacitadas para fiscalizarem o trabalho dessas redes sociais de perto? Eu estou defendendo que os Estados Unidos aprovem, de uma vez por todas, algum tipo de código de leis trabalhistas para que Elon Musk não possa fazer o quê ele está fazendo? Ou estou advogando que os bilionários precisam, urgentemente, serem apresentados à guilhotina e redes sociais deveriam estar sob controle mais rígido de uma associação de entidades específicas, algumas delas com o papel regulador? Ou tudo isso junto? Não sei; não sou feita para solucionar problemas, só para apontá-las com o dedo em riste e reclamar deles.
E este é um problema.
Nós realmente precisamos falar sobre como o mundo digital é domínio de uns poucos senhores — e mundo digital não é pouca coisa.
Com o advento da queda do Twitter, os brasileiros entraram em pânico — o que é a coisa que nós melhor sabemos fazer, junto com memes de quinta série e quitutes de festa — e começaram a pensar em ideias. A ideia de sentar e ler um livro não foi, é claro, cogitada. Fez-se urgente: era necessário um lugar que acolhesse esse bando de refugiados nervosos com a possibilidade de um apocalipse digital. Daí ventilou-se a existência do Mastodon.
Eu sei, eu sei, no final a galera está no Koo enquanto contempla a decadência do Twitter. Mas eu quero falar do Mastodon porque ele tem questões interessantíssimas e talvez eu seja banida de qualquer instância para todo o sempre, mas eu preciso falar.
Caso você não saiba o que é o Mastodon, podemos resumir, de forma muito grosseira, em: é uma espécie de rede social descentralizada. Em vez de uma administração central controlando tudo e todos, pense em vários “mini-Twitters” com administrações diferentes que você pode escolher. Talvez você queira sentar com os artistas e postar nudes: você escolhe uma instância onde pode postar nudes. Talvez você queira um lugar que qualquer conteúdo +18 seja expressamente proibido. Bem, você pode escolher outra instância que proíba essas coisas. Na prática, há instâncias voltadas para diferentes áreas: arte, música, política, diferenças regionais. Então, meio que te dá mais autonomia: “oh, eu odeio a administração do Twitter por esta ou aquela política, então eu vou escolher um servidor no Mastodon que se adeque às minhas necessidades”. A teoria é mais ou menos por aí.
E eu quero salientar que eu gosto do Mastodon. Eu criei conta lá antes de ser popular e eu criei outra conta lá, em instâncias diferentes, e agora estou na minha terceira elaborando mentalmente o meu icon, perfil e tudo o mais (luneholic@colorid.es). Tenho gente muito querida lá e que trabalhou/trabalha lá, inclusive, e eu sou a primeira a defender o conceito de código aberto. Porque eu sou 100% a favor de radicalizar a internet e virá-la à esquerda e isso inclui piratear os softwares de empresas exploradoras, facilitar download de recursos, dinamizar a alfabetização digital e garantir que todos possam usar uma internet segura e sem propaganda. Então quando eu teço as minhas críticas, eu teço elas do lugar mais profundo do meu coração. Porque eu genuinamente quero ver uma internet sem Elon Musk controlando o Twitter. Eu quero ver pessoas se expressando livremente, porém sem serem podadas por nazistas.
O problema do Mastodon — e de algumas pessoas [ou de uma certa mentalidade, por assim dizer] — é que o Mastodon não é fácil. E quando digo fácil, eu digo intuitivo. Ele não é simples. Ter que escolher uma instância entre as várias que existem não é tão simples quanto me pareceu quando eu criei minha primeira conta. Eu nem sequer consigo explicar o que é o Mastodon sem antes explicar como funcionam as redes sociais em geral. E eu poderia defender e dizer a você que não é culpa do Mastodon: é difícil bater de frente com redes sociais quando nós temos Mack Zuckerberg vendendo sua alma para aceitar propaganda de casa de aposta para fazer o Facebook funcionar. O Mastodon é mantido sem fins lucrativos e isso é incrível: sem propaganda, sem salário, mas mesmo assim estão lá tentando. Mas é preciso tentar de formas diferentes e entender que as pessoas não são burras ou estúpidas por não acharem o Mastodon fácil.
Eu vi recentemente uma pessoa no Twitter argumentando que pessoas são muito preguiçosas — há dez ou vinte anos, precisávamos baixar arquivos no mIRC e hoje não sabemos sequer baixar por torrent. E. Bem. Vou ser sincera.
Queria muito enfiar uma meia na boca desta pessoa.
Em primeiro lugar, é preciso compreender que o público digital de 1999 é diferente do que o de 2022. Em 1999, computador não era difundido em todo lugar. Caramba, eu assisti Casamento Grego agora há pouco e, em 2002, Toula quase que precisa brigar com o pai para argumentar que é uma boa ideia colocar computadores no restaurante da família. Em 2007, eu e minha irmã éramos as únicas pessoas que utilizávamos o computador de casa e compreendíamos o conceito de baixar animes ou como usar o Orkut. É uma classe completamente diferente. Em 2022, smartphones se popularizaram e eu, você, minha mãe, meus tios têm smartphones, tablets, smart TVs e notebooks e utilizam suas contas do Google para assistirem vídeos de Isabela Boscov no YouTube ou acessam a Netflix para assistirem a nova série do momento. Somos pessoas diferentes, com intenções diferentes e é absolutamente impossível exigir que todo mundo hoje tenha a mesma dedicação que eu tinha, aos meus catorze anos, de baixar um único episódio de anime em quatro partes em .rmvb de um site obscuro.
E para além da falta de compreensão que o sujeito mudou muito de lá para cá, ainda tem outra questão:
A internet não deveria ser complicada.
Okay, você é uma programadora, uma dev, uma profissional do SEO— que seja. Tudo bem. Eu também me interesso por um pouco de desafio às vezes. Mas a internet precisa ser acessível para todo mundo, incluindo pessoas que não têm interesse, não têm tempo, não têm energia, não têm saco ou até mesmo não conseguem nem mesmo compreender como usar esses recursos. Nós não deveríamos dificultar esses recursos e, honestamente, é muito difícil falar das vantagens do Mastodon — ou de qualquer coisa do gênero — quando a opinião que é conhecida é de que a questão é tratada de forma individualizada, culpabilizando pessoas por “ainda” usarem Windows ou não conseguirem entender como o Mastodon funciona.
Desculpa, mas não é tão fácil assim. E se não é tão fácil assim, convém fazer aquela auto-análise e pensar putz, o que posso fazer para melhorar?
Eu quero que o Mastodon — e vários outros recursos — dêem certo. É como já dito: a internet precisa ser livre, aberta, código aberto e acessível. Então eu quero que mesmo que a pessoa que menos entenda de informática do mundo consiga usar sem qualquer problema. Não preciso de um punhado de gente dificultando o rolê, se orgulhando de ter conseguido desvendar os sete mistérios das estrelas. Foda-se. E é fundamental compreender que autonomia digital se desenvolve aos poucos, com diversas iniciativas, não apenas entregando uma rede social na mão delas e esperando que elas descubram como fazer através de alguns guias ou tutoriais — caso elas encontrem.
E mais: autonomia digital não se faz com movimento solo. Não é movimento de uma pessoa só. Eu posso — como já pensei, com um amigo, olá, amigo — em alugar um servidor, criar uma instância, colaborar para facilitá-la o máximo possível, aprender programação o quanto fosse para isso e contribuir efetivamente para isso. Mas eu não tenho oito dólares por mês que é o mínimo para esse processo rolar. Eu não tenho estrutura material para isso. E é importante que nós, essa galera meio anarquista, meio comunista, meio desejosa de bancar o hacker de Mr. Robot, lembre que não podemos fazer mudanças sem recursos materiais e sem trabalho de base.
Sim, eu também concordo que pessoas tornaram-se acomodadas por esperarem que a Netflix ou a HBO tenham os filmes que querem, sendo incapazes de procurarem por qualquer filme fora dos seus streamings. Mas eu também não posso esperar que depois de dez horas trabalhando, duas ou quatro horas no trânsito, com pouco tempo para fazer o jantar, lavar o banheiro, cuidar das cria e dormir, a pessoa que é cidadã neste país infernal consiga ainda tempo e energia para caçar o filme que ela quer em sites de torrent por trás de milhões de propagandas, e ainda ajeitar a legenda certa. Eu não posso exigir isso dela. Ninguém pode. Ninguém deveria chamar essas pessoas de acomodadas, preguiçosas, alienadas por simplesmente quererem a forma mais confortável de terem o mínimo de entretenimento em seu cotidiano.
Nós deveríamos era aprofundar esse debate. Pensar por quê falta tempo, por quê falta energia, por quê os sites de pirataria precisam de milhões de propagandas horrorosas para conseguirem sustento e ficarem no ar, por quê diversos sites de pirataria caíram nos últimos dez anos ao ponto de você não achar várias coisas tão facilmente quanto antes, por quê servidores são tão caros e como podemos fazer eles serem mais baratos, por quê streamings estão ficando cada vez mais caros e mais numerosos enquanto a qualidade despenca, por quê não há cuidado nenhum da nossa sociedade, em nível global, de preservar as nossas relíquias culturais, por quê não há medidas suficientes a nível estatal de preservar essas relíquias e permitir seus download, por quê—
Me entende? É discussão para burro. Tem muita coisa aqui. O buraco é muito embaixo.
Putz. Que merda.
Quanto mais penso nisso, mas eu me sinto sem saída.
Mas tem nada não: deixa eu ter 44 bilhões de dólares e tu vai ver a revolução digital que vou fazer.
Aproveitando o tema:
Você que usa Chrome, Firefox ou Edge: use uBlock. uBlock é uma extensão que bloqueia todas as propagandas do seu navegador, incluindo as do YouTube. Imagina poder assistir os vídeos sem precisar ver propaganda do iFood a cada cinco minutos. Não use AdBlock: AdBlock libera “algumas” propagandas, então não é de todo efetivo. Baixe uBlock no Firefox | Chrome | Edge.
Caso você (1) odeie as propagandas do Google e/ou (2) seja uma pessoa preocupada com segurança e privacidade, experimente trocar o seu buscador por Duck Duck Go. É a mesma coisa, a diferença é que não tem propagandas e bloqueia as propagandas todas. E não têm toooodos aqueles recursos fáceis do Google [ainda, espero], mas você se acostuma.
Eu ainda não sei mexer com gerenciador de senha. Quando eu souber, eu venho aqui para contar. Para isto, baixei BitWarden e ainda estou vendo como funcionar. Mas use um gerenciador de senhas — é o que dizem — para melhor segurança dos seus dados.
Pirataria é dever moral. Não deixe ninguém te dizer o contrário.
No mais, peça ajuda: caso queira criar conta no Mastodon e não souber o quê fazer, me manda mensagem que eu terei o maior prazer em lhe dar o caminho das pedras. Lembre-se: internet é comunidade e comunidade deve ser solidária sempre. Senão, para quê serve se politizar em prol do outro?
Diga às vozes da sua cabeça que está tudo bem odiar Elon Musk e que, sim, podemos querer ser ricos ao mesmo tempo que queremos sua cabeça sob uma guilhotina. Somos seres contraditórios — é nisto que reside a nossa tragédia e beleza.
Um cheiro,
Luna.
Descrição da imagem: ilustração close-up dos olhos de uma pessoa, com um pouco do cabelo, fazendo contato visual. Os olhos são amendoados, fortemente delineados com tinta preta, com sobrancelhas grossas, escuras e bem desenhadas. Nas pálpebras maquiadas em rosa, delineador azul decora abaixo da sobrancelha em uma fina linha. As íris apresentam fino aro na parte interior, bem como um triângulo no centro, tal qual pupilas, em tons de rosa e azul brilhante contra a íris castanha. Adesivos pequenos decoram o rosto: estrela amarela, diamante, corações. À esquerda, linhas negras se desenham no rosto, atravessando o olho, emulando vagamente aspecto robótico. O cabelo é rosa, desenhando-se em pequenos dreads com argolas prateadas penduradas. Acima de todo o desenho, linhas emolduram o desenho nas laterais, como se fosse uma câmera fotográfica.
As vozes de minha cabeça (que nesse momento soam suspeitamente como um certo amigo músico que temos) pedem que o Elon tenha um encontro fatídico com um certo implemento francês que leva o nome de seu criador e irônicamente levou também a cabeça de seu criador. (ok, temos duas inacurácias históricas, o Joseph Guillotin não inventou a máquina, ele apenas sugeriu a sua aplicação na revolução e embora uma pessoa com o sobrenome Guillotin tenha sido decapitada, não foi o Joseph... mas a anedota é divertida).
Enfim... instrumentos cortantes à parte, concordo plenamente que é necessário (e de fato um dever do Estado) uma maior regulamentação sobre as redes sociais, inclusive uma regulamentação que impede que redes sociais a partir de certo tamanho sejam controladas por uma única pessoa. É um poder absolutamente desproporcional que remete às mais pertubadoras distopias. De certo modo podemos pensar isso de todas as empresas gigantes do mundo, mas mas quando se trata de redes sociais o perigo é maior.
Queria que o Mastodon desse certo... Queria que o aluguel e a construção de servidores fosse uma coisa mais acessível... Queria ter muitos bilhões para queimar (no sentido capitalista de investimento sem retorno) na revolução digital. Queria saber russo, eles claramente são pioneiros da internet livre e experts em pirataria, sinto que perco muito da internet mais aberta por não saber ler russo....
Enquanto nada disso anda para frente (exceto o russo... está na minha lista de coisas para aprender quando eu estiver concursado) sonho em introduzir os bilionários a certos implementos de papelaria franceses tamanho gigante....